terça-feira, dezembro 01, 2009
Roupas
A Sol, Chuvas e rouxinol do campo pousando nelas
Se seus donos não buscam
Presos, enlaçados, mortos, em último ato sexual
amorosamente apaixonados
Dentro de casa?
Rasgar-se-á sem pressa como corpos esquecidos no mar
Calmamente...
Um balançar suave como a preamar
Primeiro a sandália da roupa:
depois sua calça, calcinha, sutiã
Cachecol verde, brinco brilhante, tiara muda imperialmente
Todos caem ao sabor da mais leve brisa
Até o último fiapo como último suspiro
(Roupa boa tem seu último suspiro, perfume e pedido)
Tudo se transforma, por fim,
Em adubo para as rosas que já ultrapassam o varal em altura
Espinhos, flores...
domingo, dezembro 16, 2007
Reencontro
"Hoje, segues de novo..." (Bilac)
Carregando como compras
Ou rosas despetaladas brancas
No peito, esse grande amor
Eternamente preso em passados
Andamos esses anos desmiolados...
Mas eis que a vi, finalmente, em um riacho!
Depois de grande farra e em pileque
Segurando a velha garrafa de vinho
A vomitar no igarapé da praça
Aos risos e misérias dos moleques...
Desse jeito nos olhamos
E vimos, sim, que éramos nós
Desse jeito nos amamos
E explodimos em amor
Os sentimentos de tanto tempo!
E não fizemos apenas isso:
Ofereci-te as rosas e me beijaste
Me lambuzaste de cuspe,
Muito beijo e secreção
Aos gritos, aos choros, e vomição.
E escutamos, juntos, todas as músicas
Até ficarmos esgotados
E fizemos tanto amor livre
Até cairmos, exaustos e culpados
(Como doente fatalmente medicado)
Depois de tudo
Devolvi tua garrafa
Pois vimos que estávamos acabados
E era horrível estarmos unidos:
Éramos mais felizes em separado...
- Assim, cada um foi, cabisbaixo, pro seu lado...
domingo, novembro 04, 2007
Dor
Meu corpo que se contorce
Em situação estranha
Além disso
Além disso na essência:
Além disso mesmo:
Dor doce de saber
Que eu sou o que tu me faz sofrer
Me amando
sexta-feira, setembro 28, 2007
QUEDA
o andarilho sofre grande baque
por estar, talvez, sonhando alto
baque dos pés ao chão rijo
das mãos em face em tapa
e dos joelhos ateus dobrando-se em romaria...
baque do murro na ponta da faca
das cabeçadas em noite escura bronzeada
trovão em ouvidos distraídos
baque dos olhos na imagem da santa
como se na amplidão do Sol
que pra contradizer nem se levanta
baque do estalo do braço quebrado
da cabeça ao concreto certo
e do sangue fluídio entre os cabelos...
quarta-feira, abril 11, 2007
Ícaro
Deseja-No
Sonha com Ele
Como se fosse imensa lâmina
Retirante de todo sabor amargo de sua vida...
Então, em um dia de Sol
Já sem nenhuma fé,
Bronzeando-se, à toa,
O Homem, encontra, a Mulher...
De top less...
sexta-feira, abril 06, 2007
Oportunidade
Todas as flores do mundo
Balançam, sonhando,
Em ocupar esse espaço...
quinta-feira, março 22, 2007
Tanto Mar
Que banha o arco-íris
E o refaz de uma gota só
Tanto mar que confunde o céu
E une-se às tuas lágrimas
À nossa água, tomada, dos mares
Tanto mar pra apreciar
Pra rimar já quase sem fôlego...
Pra remar, pra morrer
Tanto mar que evapora
Que toda manhã sustenta a aurora
E aos amantes, repõe o Choro
Tanto mar pra trazer tua carta
Pedidos bênçãos...
E nada...
Tanto mar bravio e tempestades
Com nossos navios a percorrer noites e noites escuras
À eterna procura...
Tanto mar que pode afogar-nos
E que se remove ao toque de tuas mãos
Em rio, riacho, água cristalina...